Alunos da UFABC premiados pela Embrapa apresentam soluções para a suinocultura
A suinocultura, ramo industrial que gere a criação e abate de porcos para o consumo, esbarra há tempos em um obstáculo. Para o abate, o porco deve ser exposto a uma corrente elétrica que o faça perder a consciência, tornando toda essa etapa da cultura menos estressante e brutal. No entanto, alguns dos bichos não perdem totalmente a consciência e acordam durante o abate (por pouca energia) ou tem seus ossos quebrados nesse processo (por excesso de energia), dada a má escolha da corrente elétrica pelo operador, um procedimento que ainda hoje é ajustado de forma manual para cada animal.
Evidências revelam que esses contratempos estão intimamente relacionados ao nível de gordura que o animal possui. Os mais parrudos apresentam uma bioimpedância diferente, o que causa o retorno da consciência durante o abate. Aqueles que têm menos adiposidade, no entanto, podem quebrar as costelas no momento em que levam o choque.
O impasse leva à conclusão de que cada porquinho deve ter um tratamento particular, em que sejam consideradas suas peculiaridades nesse momento tão delicado. Desse modo, haveria impacto positivo sobre a qualidade da carne e menos sofrimento para os bichinhos.
Alunos da UFABC, orientados pelo professor Mario Gazziro, apresentaram uma possível solução para debelar o problema na última edição do Inovaporks, evento realizado na sede da Embrapa em Concórdia, no qual foram classificados dentre os 10 finalistas que enviaram propostas de todo Brasil. Osvaldo Arreche e Brenda Lunardi desenvolveram uma alternativa à tradicional pistola de ultrassom usada atualmente.
O projeto consiste na instalação de uma câmera em uma baia que combinada com o uso da balança permite aferir a densidade do animal e posteriormente o seu nível de gordura. Com essa informação, é possível saber qual a carga elétrica adequada para cada animal. “Desse modo, diminuímos o sofrimento do bicho, rendendo impacto positivo sobre o produto”, afirmou Brenda.
Brenda e Oswaldo começaram a trabalhar juntos depois que foram colegas em disciplina ministrada pelo professor Mario Gazziro. Eles se associaram ao veterinário Vitor Froge e depois a Victor Fragoso, que atua no ramo de processamento de dados via web.
No atual estágio, eles constituem uma startup aprovada no processo de seleção da incubadora da UFABC, iniciativa da Agência de Inovação, e também concorrem em um edital da Fapesp.
Um dos desdobramentos do projeto, explica Brenda, “é que essa tecnologia não fique restrita ao momento do abate, mas que possa ser usada durante várias etapas da suinocultura, verificando, por exemplo, se há fraturas no animal ou outra questão que leve a entraves sanitários”.
Soluções como as apresentadas pelos alunos da UFABC e o professor Mario Gazziro tem potencial de incrementar o mercado e render dividendos aos envolvidos e, quem sabe, melhorar a qualidade da carne suína ainda mais, de forma a ampliar a competição internacional que o país têm com a China, outro grande produtor internacional. Ganham o nicho de mercado, a UFABC e, em suma, o Brasil. Todos!
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